Tuesday, September 16, 2008

Sobre Cinema


"(...) Entre muitos exemplos possíveis desse equilíbrio instável entre o que se mostra e o que se esconde, Coe recorda os espantosos minutos de Vertigo (1958) em que James Stewart, ao volante do seu carro, segue Kim Novak através do labirinto de subidas e descidas das ruas de São Francisco. Escreve ele, com calculada ironia, que “não acontece grande coisa”. O certo é que a alternância entre Stewart e aquilo que ele vê, tudo envolvido na assombrada música de Bernard Herrmann, gera algo que é essencial à eficácia e, mais do que isso, ao prazer cinematográfico. A saber: a duração.
Hoje em dia, muitos filmes (e também muitas formas de jornalismo, há que reconhecê-lo) menosprezam a questão da duração na relação do espectador com os filmes. Há mesmo uma ideologia corrente, preguiçosa e infantilista, que tenta impor uma visão bruta do cinema: muitas explosões e muitos efeitos especiais seriam “sempre” sinónimo de grande espectáculo... Uma tristeza, enfim: muitas vezes o exibicionismo da técnica não passa de uma agitação histérica para fingir que acontece alguma coisa. Hitchcock, decididamente, faz-nos falta. Vejam os DVD."

diz João Lopes

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